Tínhamos um diamante que não era devidamente lapidado

O que dizer sobre um jogador que surgiu como um grande talento para o futebol internacional após duas ótimas temporadas feitas pelo Borussia Dortmund? Logicamente senti prazer em acompanhá-lo nos jogos pelos aurinegros, e se saísse do BVB um dia, desejaria que ele acertasse com meu time, o Manchester United. Felizmente o destino esteve a meu favor, e como Shinji Kagawa não quis renovar o contrato com o clube alemão, na esperança de jogar a tão qualificada Premier League, o time mais glorioso da Inglaterra apareceu no caminho do japonês e o seduziu. A negociação demorou para chegar ao fim, mas em um belo dia de terça-feira, finalmente o tão sonhado anúncio aconteceu: Shinji Kagawa era o novo jogador do Manchester United.

Nós, Red Devils, ficamos muito felizes e assim o imaginávamos resolvendo boa parte de nossos problemas no meio-campo. A expectativa era realmente boa demais. Sir Alex Ferguson confiava muito na qualidade do jovem atleta e frequentemente o escalava no time titular. Além de ser um dos destaques positivos da equipe, foi um dos responsáveis na conquista do vigésimo título inglês.

Com a aposentadoria do melhor técnico que já existiu no mundo e a vinda da aposta David Moyes, a mudança não foi boa para o nosso querido nipônico, que não conseguiu repetir as boas impressões da temporada de estreia pelo MUFC e absurdamente era largado no banco de reservas por Moyes. Quando entrava nas partidas, faltando 20 minutos ou menos para o final, não jogava em sua posição de origem. Foi apenas no jogo contra o Bayer Leverkusen, no qual o United goleou os Leões por 5×0 na fase de grupos da edição 2013/2014 da Champions League, que pôde atuar como meia central.

A outra troca de treinador não foi benéfica para Kagawa. Aliada a falta de ritmo + fraca participação na Copa do Mundo 2014, Van Gaal não lhe deu toda atenção, tanto que pouco jogou na pré-temporada e no Campeonato Inglês não foi nenhuma vez escalado.

Naquele domingo de 24 de agosto, logo que vi os 11 escalados pelo técnico holandês, me senti muito mal, pois Shinji começaria mais um partida na reserva, só que agora diante do Sunderland. Durante os 90 minutos, muito se pedia a entrada dele, já que os torcedores não estavam aguentando as sofríveis apresentações de Cleverley, Young e Fletcher em campo. Mesmo assim, Van Gaal não nos atendeu e o time jogou mal outra vez.

Após o empate, voltei a falar de Kagawa, mudei de uma simples conversa no WhatsApp a escolha do Twitter para desabafar. Naquele instante, Naiara Köhler, minha companheira de futebol alemão e torcedora do Borussia Dortmund, me entendeu perfeitamente. Comentamos sobre a situação dele no clube, a forma como Moyes e o atual técnico agiam como cegos em relação ao japonês e os avisos de Jürgen Klopp sobre a má utilização do mesmo. Compartilhei com Naiara uma comparação, na qual enxergava Shinji Kagawa como um diamante, mas que não era devidamente lapidado no United; somente Klopp sabia do potencial que tinha em mãos e o usava da melhor forma possível.

(Foto: schwatzgelb.de)
(Foto: schwatzgelb.de)

Há quase 2 anos, a torcida do Dortmund lançou uma campanha interessante, e com #FreeShinji, divulgavam e pediam a liberdade do “deus oriental”. E como ilustração da causa, Shinji aparecia com a camisa do MUFC, infeliz e preso em uma cela. Recentemente foi feita outra ilustração, que mostrava Klopp entortando as grades da prisão com sua própria força e consequentemente dava a libertação para que voltasse à sua antiga casa.

Tanto eu quanto Naiara queríamos que Kagawa fosse mais aproveitado no United, mas a vontade de retornar ao Borussia Dortmund e continuar sua história da onde parou falou mais alto, com certeza o compreendemos. Lamento o fato de ter recusado a renovação com o BVB por conta de seu sonho e não conseguirmos correspondê-lo à altura e vice-versa, entretanto a vida continua. Shinji Kagawa e Manchester United, em compensação, têm algo em comum: encontrar novamente o caminho da felicidade.

Por Letícia Wincler
www.mufcbr.com

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