A terra mágica do “tudo pode acontecer” já acabou. Pelo visto, os jogadores do Manchester United e Van Gaal ainda estão com a mente na terra do Tio Sam. Pré-temporada é traiçoeira. É enganosa. Você vence um torneio amistoso, no qual tinha os melhores times do planeta, enche os torcedores de esperança, continua flutuando através das nuvens da vitória e quando chega a realidade: “BANG”. Um tiro bem no meio da cara da realidade.
Pré-temporada é uma coisa. É brincadeira de criança. Ao longo dos anos aprendi a não comemorar demais em peladinhas de rua, cujo os chinelos demarcavam o limite do gol. Talvez seja deste jeito, a maneira de pensar dos jogadores do United de agora em diante. Que fique claro que acabou a peladinha na rua. O dono da bola entrou para casa. A mãe já chamou para ir tomar banho e voltar a realidade. A pré-temporada se foi. Começou o desafio. A Premier League separa os homens dos meninos, e o United mostrou ser claramente aquele último a ir embora, na esperança de ter mais cinco minutinhos de um jogo amistoso. Enquanto isso, em suas casas, Arsenal, Chelsea, Liverpool e City, descansam em paz em saber que voltaram bem para casa, e que, mesmo por uma semana, estão bem encaminhados. Já o United… Pobre coitados.
A partida de estreia na Premier League mostrou claramente isso. Em casa. Torcida embalada e com saudades do time. Derrota para o Swansea. Vaias. Decepção. O time mostrou ser fraco. O mesmo de antes. Onde está a maior parcela de culpa? Na mãe. É lógico (só para deixar clara a analogia, a mãe é a diretoria do United). Tanto mimo. Tanta compra num passado recente que nos deixaram órfãos de queremos mais. Para piorar, a mãe assumiu um lado maligno. Deixou de dar coisas aos filhinhos, mas que, por nome, continuam se achando o maioral da rua. ACORDEM desse sonho orgulhoso. Assuma a dificuldade de voltar a ser o campeão. Chegue até a mãe e diga “CANSEI! QUERO COISAS NOVAS. QUERO SER GRANDE NOVAMENTE!”. Hoje, tristemente podemos falar que o United não é o mesmo. Nem o Old Trafford consegue impor a moral de antes. O que fazer?
De nada nos adianta milhões de matérias nos jornais de todo mundo anunciando a fortuna do time. De nada nos adianta novelas mexicanas com o mesmo fim de sempre (leiam a coluna “Estamos outra vez em um império de especulações”). Cansamos de bancar os maiorais na rua, vencer todos na peladinha com trave de chinelos. Temos que voltar a almejar a glória da realidade. Pré-temporada não monta currículo. Não monta história. Mal mal ganha duas páginas no jornal diário local.
Para as próximas rodadas queremos um time sem soberba. Queremos um time que entenda a realidade atual. Que saiba conviver que, hoje, não é mais o manda chuva das ruas da Inglaterra. Nem mesmo dos becos europeus. Hoje, está mais para aquele almofadinha metido a besta. Aquele que quando chega com suas chuteiras de ouro, os outros desprezam e passam o trator por cima. O United é grande. Mas é um grande com honra. Sem se rebaixar aos demais. Precisamos de JOGADORES. Precisamos nos reerguer. Talvez esteja na hora de tirar a chuteira de ouro do pé. Jogar descalço. Talvez assim, os pés fiquem fixados na realidade.
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Decidi assumir uma postura dura e rígida na construção desta coluna. De nada adianta palavras bonitas de incentivo. Devemos observar a realidade do time. Devemos ser duros e rígidos. Criticar é uma arte e um incentivo. Não passo a mão na cabeça de jogadores que ganham milhões e não mostram nada. Para falar a verdade, não passo a mão na cabeça nem de jogadores de vídeo game, muito menos mimados com chuteira de ouro.
Por Vinícius Toscano
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