Calma ai, nem tudo foi um desastre com solskjaer

No momento de euforia e agitação é normal ver reações exageradas, principalmente quando se envolve uma paixão tão grande quanto a que nós amantes do futebol temos pelo nosso time, e foi exatamente isso que vimos neste dia em que a demissão de Ole Gunnar Solskjaer foi confirmada pelo Manchester United, mas vamos parar um pouco, pensar, refletir e no fim deste processo vai perceber que nem tudo foi um desastre no período em que o técnico norueguês esteve no comando do clube.

É certo que desde o início houve questionamentos sobre suas qualidades como treinador dentro de campo e na atual temporada os resultados evidenciaram o baixíssimo rendimento, perdendo até boas qualidades que o time tinha na temporada anterior, principalmente com a defesa cada vez mais exposta e o ataque disfuncional, eu não seria louco de falar aqui que Solskjaer dentro de campo era um grande treinador, mas também não é o pior da história como alguns tentam dizer.

Solskjaer tem algumas características que de fato fizeram efeito dentro do clube desde que chegou, primeiramente como interino e depois efetivado, então vamos a elas:

GESTÃO DE PESSOAS

Talvez aqui esteja a melhor parte de todo o trabalho de Ole Gunnar Solskjaer no seu período como treinador do Manchester United, mas para falarmos disso é necessário lembrar que o técnico anterior havia causado alguns problemas no vestiário com alguns dos principais jogadores do clube. José Mourinho até conquistou títulos na sua primeira temporada e sofreu com uma certa falta de apoio da direção, mas no quesito relacionamento com os jogadores ele foi péssimo e foi nesse contexto que Solskjaer entrou.

Mourinho estava tendo conflitos diretos ou via imprensa com jogadores como Paul Pogba que já é conhecido por sua arrogância e ego forte e ao ser contestado pelo técnico português estava a caminho de uma saída do clube. Outro francês que sofreu com Mourinho foi o atacante Anthony Martial que recebeu algumas críticas e reagiu mal com isso. Luke Shaw talvez foi quem mais sofreu, ainda sofrendo com lesões e a balança, foi duramente criticado por isso, tanto pessoalmente quanto via imprensa. E ainda temos o exemplo de Marcus Rashford que havia sido limitado ao papel de um reserva que sempre entrava sem mostrar grande evolução.

Sob o comando de Solskjaer todos esses jogadores tiveram um rendimento bem melhor, o maior destaque deve ser o lateral inglês que saiu de uma peça totalmente questionável para se tornar um dos melhores laterais do mundo sendo reconhecido pela imprensa de todo mundo após sua excelente temporada e as boas atuações na Euro 2020/21. Anthony Martial teve sob o comando de Solskjaer sua temporada mais artilheira pelo clube desde que chegou em 2015. Pogba voltou a atuar mais constantemente e a sorrir em campo mostrando seu contentamento, mesmo que ainda um pouco inconsistente mas estava bem, e Marcus Rashford enfim evoluiu como uma estrela do clube passando a ser um dos principais jogadores na criação de jogadas e finalizando elas também.

Ainda podemos citar o brasileiro Fred que estava encostado por José Mourinho e que com Solskjaer ganhou moral, passou a jogar mais vezes e render em um bom nível se tornando fundamental em jogos grandes também, principalmente quando atuava ao lado de Scott McTominay.

LIMPEZA DO ELENCO

Na reta final da passagem de José Mourinho estava evidente que o Manchester United precisava de uma renovação, haviam muitos contratados por David Moyes, Louis Van Gaal e até o próprio português que estavam fazendo hora extra no clube, além daqueles remanescentes das últimas temporadas de Sir Alex Ferguson. Lembro-me bem de que quando foi efetivado como treinador, Solskjaer afirmou precisar de 3 ou 4 janelas para reformular o elenco, fazendo um limpa naqueles contratos altos de pouquíssimo rendimento.

Vários jogadores na era Solskjaer deixaram o clube. Fellaini, Rojo, Valencia, Young, Alexis Sanchez, Darmian, Smalling e outros foram deixando o clube aos poucos. Com isso a folha de pagamento foi diminuindo e novas contratações puderam ser feitas. Além disso a boa venda de Lukaku deixou um espaço para maiores investimentos.

ACERTO NAS CONTRATAÇÕES

Para alguns, o melhor cargo que Solskjaer poderia ter no clube é o de Diretor de Futebol e muito disso tem a ver com o grande grau de assertividade nas contratações durante o período que esteve no clube. É óbvio que o melhor dos exemplos atende pelo nome de Bruno Fernandes que chegou com 6 meses de atraso (Culpa do Ed Woodward) mas assim que pousou em Manchester teve um impacto absurdo com gols, assistências e uma grande mentalidade de buscar as vitórias, aliás, essa mentalidade é algo que o treinador buscou nas contratações, principalmente buscando trazer apenas jogadores que tinham desejo verdadeiro em atuar pelo United.

Um exemplo disso é ter recusado a continuação da negociação pelo argentino Paulo Dybala que demonstrou desprezo pela proposta do clube dois anos atrás. Jogadores como Harry Maguire, Aaron Wan-Bissaka, Jadon Sancho e outros vieram com um desejo em atuar pelo maior clube da Inglaterra e isso era algo que Solskjaer não abriria mão.

Hoje em dia qualquer jogador mediano custa um alto preço e obviamente em sua gestão muito dinheiro foi gasto. Mas fica evidente o quão necessário era gastar pra reformular o elenco para chegarmos no atual time de hoje, onde temos vários jogadores com condições de renderem bem.

E O PÓS-SOLSKJAER?

Por conta desses quesitos citados acima no texto, o trabalho do próximo treinador tende a ser facilitado em relação ao que acontecia quando Solskjaer assumiu o comando do clube. Hoje o Manchester United está com um elenco de qualidade técnica e tem possibilidades de se bem ajustado voltar a brigar por títulos. Neste ponto Solskjaer não contribuiu faltando sempre um pouco mais de competência ou de sorte em alguns casos, mas a base está bem fundamentada para que o próximo comandante dê o salto que Ole Gunnar Solskjaer não foi capaz de dar. 

Não sabemos ainda quem será o próximo treinador, por enquanto Michael Carrick será o técnico substituto de forma interina, mas é preciso escolher bem para que a temporada seja salva a tempo de não ficar fora da próxima UEFA Champions League e quem sabe ainda vencer algo, já que temos Cristiano Ronaldo no time.

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